Repetindo uma história que postei em agosto de 2011:
"A águia é a ave que possui a maior longevidade da espécie, chegando a viver oitenta anos.
Mas para chegar a essa idade, aos quarenta anos ela tem que tomar uma séria e difícil decisão. Nesta idade ela está com as unhas compridas e flexíveis e não consegue mais agarrar as suas presas das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curva, dificultando a caça. Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, e voar se torna difícil.
Então a águia só tem duas alternativas: MORRER... ou enfrentar um difícil e doloroso processo de renovação que irá durar aproximadamente 150 dias.
Este processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar. Então, após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico contra a pedra até conseguir arrancá-lo. Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vai depois arrancar suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. Só então, após cinco meses, sai para seu famoso e esplêndido Vôo de Renovação, para viver por mais 40 anos."
Pode parecer uma "versão adulta de fábulas encantadas" para metaforizar a dor de uma mudança (interna e externa). Eu quis repostar isso porque uma metáfora narrativa algumas vezes tem mais força na compreensão do que um texto discursivo.
Para nós, humanos, essa transformação pode ser ainda mais longa e dolorosa. Uma porque vivemos numa sociedade do tipo “pão e circo” que nos pressiona o tempo todo e acha que tudo isso é frescura, que é só dar umas corridinhas no parque, umas voltinhas no shopping e está tudo certo. Outra porque temos responsabilidades a cumprir e não podemos simplesmente nos isolar numa montanha e agonizar sossegados.
Como essa sensação de escolher entre "renovar ou definhar" é recorrente e cada vez mais forte, resolvi esperar a poeira baixar e botar os neurônios para trabalhar. Tenho alguns planos em mente mas, em paralelo, gosto de ler os relatos de quem já passou por isso. Que mundo fantástico é a web onde, cada vez mais, as pessoas compartilham suas experiências, e não me sinto a única!