quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A Grande Jornada - Capítulo 2: O Renascer da Águia

Repetindo uma história que postei em agosto de 2011:

"A águia é a ave que possui a maior longevidade da espécie, chegando a viver oitenta anos.
Mas para chegar a essa idade, aos quarenta anos ela tem que tomar uma séria e difícil decisão. Nesta idade ela está com as unhas compridas e flexíveis e não consegue mais agarrar as suas presas das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curva, dificultando a caça. Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, e voar se torna difícil.

Então a águia só tem duas alternativas: MORRER... ou enfrentar um difícil e doloroso processo de renovação que irá durar aproximadamente 150 dias.

Este processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar. Então, após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico contra a pedra até conseguir arrancá-lo. Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vai depois arrancar suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. Só então, após cinco meses, sai para seu famoso e esplêndido Vôo de Renovação, para viver por mais 40 anos."

Pode parecer uma "versão adulta de fábulas encantadas" para metaforizar a dor de uma mudança (interna e externa). Eu quis repostar isso porque uma metáfora narrativa algumas vezes tem mais força na compreensão do que um texto discursivo.
Para nós, humanos, essa transformação pode ser ainda mais longa e dolorosa. Uma porque vivemos numa sociedade do tipo “pão e circo” que nos pressiona o tempo todo e acha que tudo isso é frescura, que é só dar umas corridinhas no parque, umas voltinhas no shopping e está tudo certo. Outra porque temos responsabilidades a cumprir e não podemos simplesmente nos isolar numa montanha e agonizar sossegados.

Como essa sensação de escolher entre "renovar ou definhar" é recorrente e cada vez mais forte, resolvi esperar a poeira baixar e botar os neurônios para trabalhar. Tenho alguns planos em mente mas, em paralelo, gosto de ler os relatos de quem já passou por isso. Que mundo fantástico é a web onde, cada vez mais, as pessoas compartilham suas experiências, e não me sinto a única!

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A Grande Jornada - Capítulo 1: A Crise

Resolvi transformar meu caos espiritual em capítulos de novela, porque no futuro virei aqui consultar, do mesmo jeito que aconteceu em 2012 e em 2007. Minha dúvida era se não deveria chamar "História Sem Fim", mas...

Vamos a um breve resumo de 2012.
Nos meados de 2012, meu espírito estava quebrado, mas de uma forma pontual: o coração. E quando o coração quebra, a parte nossa mais atingida é a autoestima. Só que nesse aspecto eu tinha um pouco mais de knowhow e mobilidade e, aos poucos, fui virando o jogo. A música tema dessa virada foi "The Figher", do Gym Class Heroes, que caiu na minha frente do nada, me tirou do estado de escuridão total e me fez procurar a luz no fim do túnel. 

The Figher (Jason Chen version)

Have you ever felt completely helpless?
So lost in your troubles like life is hopeless.

Have you ever felt no matter how hard you try,
things will never get better
but you still reach for the sky

It's like the whole world is against you
or is it all in your mind?
It's the fear of failing
against the will to survive

But you know there's no easy way out
Even when your mind starts to doubt
When you hit rock bottom 
Raise your head high and 

Give 'em hell!
Turn their heads!
Gonna live life 'til we're dead

Give me pain!
Give me scars!
Then just say to me, say to me, say to me

There goes a fighter
There goes a fighter
Here comes a fighter
That's what they'll say to me, say to me, say to me 

This one's a fighter

Depois uma coisa foi puxando a outra. Procurei, pela primeira vez na vida, uma psicóloga. Uns quatro ou cinco meses de análise me ajudaram a descobrir um pouco mais de mim. Comecei, pela primeira vez na vida, a fazer aulas de dança. Dançar elevou minha autoconfiança e autoestima. Me interessei, pela primeira vez na vida, em estudar fotografia. A fotografia foi lapidando minha visão de mundo. A coroação de tudo isso se deu dois anos depois, quando pude conhecer Nova York e no fim do mesmo ano tive a coragem para subir num palco e me apresentar num espetáculo de dança. Por tabela, novas amizades surgiram, e outras foram fortalecidas.
Vendo assim agora, de longe, parece que foi tudo fácil. Só que não. Foi preciso eu esperar um pouco da dor passar, juntar forças para levantar e me colocar em movimento. Mas as circunstâncias eram outras. Recuperei o emocional, porém uma fratura interna estava sendo ignorada por mim esse tempo todo: a carreira.   

Voltando agora para 2015:
Falta de foco, falta de energia, irritabilidade, impaciência. Eu diria que hoje meu espírito está quebrado da cabeça aos pés. 
Quando se perde as rédeas por um longo período, recuperás-la parece fora de alcance.